Ricardo Caldeira e Evandro "Vovô" lançam podcast para fomentar Jiu-Jitsu e MMA na Bahia
Caminhando diariamente para apoiar o crescimento do jiu-jitsu, Ricardo Caldeira e Evandro "Vovô" Nascimento seguem na missão de elevar ainda mais o esporte na Bahia, conciliando competições e gestão de projetos. Com o novo podcast "Vida no Tatame", os dois atletas e responsáveis por gerir a Federação de Jiu-Jitsu migram da rádio para o YouTube, visando ampliar o alcance da modalidade na Bahia, trazendo mais interação com o público e prometendo debates mais 'acalorados' nos programas.
Com mais de 20 anos de carreira, Evandro e Ricardo utilizaram as artes marciais como uma válvula de escape para mudar de vida. O objetivo de ambos era inicialmente diferente, mas tinham o mesmo propósito: competir e auxiliar na busca pelo crescimento do esporte e capacitação de mais profissionais. Em entrevista exclusiva ao Bahia Notícias, Caldeira e "Vovô" iniciaram falando sobre a história de ambos, e como criaram afeto com o jiu-jitsu e desenvolveram afinidade com o esporte em geral.
Foto: Alana Dias / Bahia Notícias
"Sempre gostei de esporte de luta e praticar esporte. Comecei a treinar jiu-jitsu na época que eu estava com sobrepeso. Estava um pouquinho pesado e achando que tinha que cuidar melhor da saúde. Quando eu vi meu filho mais velho, que hoje tem 27 anos, pensei: "Tenho que me cuidar se não eu não vou ver ele crescendo". Comecei a treinar e fui tomando gosto, participei de competição, de evento, e ai uma coisa puxou a outra. Com os eventos grandes acontecendo, começamos a ter ideia de poder fazer evento aqui. A gente se conheceu, éramos da mesma equipe e nos juntamos pra criar a Federação de Jiu-Jitus, estamos a frente até hoje, já são 15 anos. Conhecemos o presidente da Federação de Mhuay-Thay, que nos pediu ajuda por conta do esporte ser realizado de maneira amadora, assumimos e estamos nessa guerra para organizar as coisas.", relembrou Ricardo.
"Começou tem 30 anos. O jiu-jitsu veio como uma espécie de lazer e condicionamento físico até a coisa ir ficando séria. Fui competindo até a gente criar nossa própria equipe e formar vários professores faixas pretas. Num segundo momento veio a ideia de criar a Federação de Jiu-Jitsu e de MMA, que já tem 15 anos. É com esse trabalho que a coisa se ampliou e a gente toca aqui, istra a Federação muay thai tradicional. Fomos procurados pela Confederação e a Federação de Kick Boxing", resumiu Evandro. Confira a entrevista completa:
Como é conciliar as competições com a gestão dos projetos?
Ricardo: Não é fácil, né?. A gente tem uma vida muito corrida e cuidar da gestão do esporte é talvez mais complicada e mais difícil do que você ser atleta competidor que é uma vida bem regrada de sacrifício. Eu já tenho 53 anos, então hoje eu participo de competição, luto e tudo, mas é por amor. A gente consegue achar uma brecha entre um trabalho e outro a gente acha uma brecha para treinar. É a minha vida, né? Eu vivo disso. Eu dou aula, eu pratico atividade como um atleta e profissionalmente eu vivo da academia.
Evandro: A gente tem uma atividade principal, que é a nossa gestão então, diria que uma atividade empresarial. Gerimos não só uma entidade, mas mais de várias entidades. A gente também dá e a outras federações. Nós temos essas parcerias e competir acaba sendo mesmo uma válvula de escape. Faz um treinamento, faz interação social durante as viagens e busca trazer a as novidade para a Bahia também. É uma forma da gente enxergar as tendências e ver como é que tá funcionando os eventos fora do país.
Com unir esse esporte de alto rendimento com a idade um pouco mais elevada?
Ricardo: A gente pratica esporte há muitos anos e pra mim, eu me considero bem de saúde, sinto que estou bem. Estou melhor do que quando eu tinha 30 anos e, apesar da idade mais jovem, eu cometia alguns excessos. Com a idade a gente ou a cuidar mais da saúde. Tem essa questão de querer competir e isso nos dá objetivos específicos: me faz treinar mais e cuidar da alimentação. Lógico que não vou me comparar com um jovem diz de 20 anos, né? Mas pra minha idade eu me sinto bem.
Evandro: Considero que já estive no meu auge. Quando eu competia - e sempre competi- conquistei todos os principais títulos numa fase mais focada. Eu não consigo mais ter esse foco. Como eu falei, minha motivação não é continuar em atividade, ver as tendências e estar dentro desse processo. Não me considero estar na minha melhor fase hoje, acho que já ou.
Com surgiu a ideia do novo projeto de podcast, "Vida no Tatame"?
Ricardo: O "Vida no Tatame" começou como um programa de rádio. A gente pensou ele para um programa de rádio que era ao vivo todos os sábados. Aqui a gente pensou de poder ter um espaço. A gente sabe que o esporte amador é meio fraco de cobertura. Apesar da gente ter o Bahia Notícias, que ajuda bastante, a gente tem dificuldade de divulgar os trabalhos que são feitos com as modalidades que a gente pratica e está à frente. É uma forma também de divulgar o trabalho dos esportes de lutas de arte marciais que são realizados na Bahia, tem um potencial muito grande. A gente tem campeões olímpicos de boxe, com campeões mundiais de tudo quanto é modalidade. A gente começou com cobertura de UFC, com cobertura dos eventos, dando oportunidade para os professores poderem divulgar o seu trabalho e os seus projetos para os atletas buscarem patrocínio, e patrocinadores precisam de mídia. É um negócio muito corrido, antes era puxado pra gente porque era ao vivo todo sábado. A gente tem muita participação do público, de vez em quando rolam umas briguinhas intencionais ou não intencionais nos debates mais acalorados, mas faz parte sim. A gente veio com a ideia do podcast porque a gente consegue atingir um público muito maior em determinados horários. O programa ficou mais interativo, então a ideia de podcast também foi aproveitar esse crescimento absurdo da internet.
Foto: Alana Dias / Bahia Notícias
Como estão avaliando o crescimento do Jiu-Jitsu na Bahia?
Evandro: Ele tem crescido muito. É uma disputa voraz de mercado com a lei geral do esporte, que propicia você abrir quantas federações forem necessários. São muitos eventos e muitas federações e a gente tá nessa guerra pelo público, que é muito grande não só na capital, mas também no interior. A gente tem buscado ser a vanguarda, sair na frente para poder tentar se manter nessa mesma crescente. Eu vejo o jiu-jitsu de uma forma muito capilarizada em todos os locais e em todos os bairros. Ele tá em bairros ricos, pobres, projetos sociais e de todo tipo. O esporte é muito democrático.
Foto: Alana Dias / Bahia Notícias
Como o atleta consegue lidar com a frustração de não ser reconhecido?
Ricardo: No jiu-jitsu, o cara que é campeão mundial é considerado o maior. O momento internacional conta muito, porque como a gente falou, tem essa questão dos mundiais de jiu-jitsu, existe um genérico e um oficial. Eles têm sucesso na carreira profissional também, são atletas reconhecidos e muito bem pagos pelo que eles fazem nas competições. As vezes não dá um retorno financeiro de imediato, mas o status de ser campeão mundial oferece a eles oportunidades de estarem ministrando cursos, seminários, de terem equipes, de vender equipamento e de fechar patrocínio ganhando muito bem, a gente tem muito isso. Entre os campeões mundiais não existe ninguém com dificuldade financeira, tenho certeza disso. É por isso que o jiu-jitsu é uma modalidade diferente, ela tem um mercado próprio que consome muito aqui no Brasil, ainda mais que 95%/98% dos campeões mundiais são brasileiros, né? A gente tem poucos estrangeiros que já conseguiram chegar lá.